Blog

Blog

Redução da maioridade penal no Brasil? Chegou a hora da educação emocional. E você faz parte!



               As discussões em torno da redução da maioridade penal no Brasil é o assunto da vez na mídia. Aliás, assunto importantíssimo e que merece reflexões e ações mais maduras e sistêmicas. 
             Por um lado temos os defensores da redução da maioridade penal para 16 anos ao invés de 18 anos. Vejamos alguns argumentos das pessoas favoráveis à redução da maioridade penal:

- os crimes cometidos pelos menores são crimes hediondos, ou seja, crimes que merecem maior reprovação por parte do Estado;
- os jovens impunes estão se tornando mais violentos;
- não importa a idade, um crime deve ser julgado e a pessoa condenada por sua ação;
- as famílias vítimas das ações criminosas desses jovens são ainda mais lesadas em função da impunidade;
- um jovem de 16 anos que se envolveu no crime não tem mais chance de recuperação; 

Vejamos agora alguns argumentos das pessoas desfavoráveis à redução da maioridade penal:
- a redução é uma violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente;
- um jovem deve ser tratado conforme a sua idade e de forma que possa ser protegido e amparado;
- A redução da maioridade penal não é garantia da redução dos índices de violência;

        Importante nos esforçarmos para aprofundar nossa compreensão dos mais diversos fatos envolvidos e não corrermos o risco de tirar conclusões reducionistas. È um fato os jovens brasileiros estarem cada vez mais envolvidos com crimes graves e violência. Mas também é um fato que a redução da maioridade penal não trará os resultados desejados.  Segundo a opinião do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ele diz:  "Tenho uma posição consolidada há muitos anos: sou contra a redução da maioridade penal. Diante da situação carcerária que temos no Brasil, a redução da maioridade penal só vai agravar o problema", uma vez que "nossos presídios são verdadeiras escolas de criminalidade". Ele exemplifica: "Muitas vezes, pessoas entram nos presídios por terem cometido delitos de pequeno potencial ofensivo e, pelas condições carcerárias, acabam ingressando em grandes organizações criminosas. Porque, para sobreviver, é preciso entrar no crime organizado". Cardozo ressalta ainda que a inimputabilidade penal até os 18 anos de idade "é um direito consagrado e uma cláusula pétrea da Constituição do Brasil", que não pode ser alterada "nem mesmo" por uma emenda.

              Aliás, quais seriam mesmo os resultados desejados com a redução da maioridade penal no Brasil? O que esperamos dos nossos jovens brasileiros? Será que o foco é na redução da violência ou também estamos preocupados com a juventude brasileira?
                Chegou a hora de revermos muitas coisas. Ser professor hoje no Brasil é ter uma profissão de risco. Ser jogador de futebol é sinônimo de fama e fortuna. E ser político hoje no Brasil é sinônimo do quê? Vivemos o resultado de muitas coisas que se somam e misturam. Mas qual será a mensagem que os jovens recebem através da cultura, dos valores, da forma como são tratados, do que parece valer a pena e ser importante hoje em dia? 
Será que não é possível ser feito algo mais profundo e transformador diante dessa realidade?
       A educação emocional, sem dúvida é uma chave importantíssima nesse momento onde tantas coisas parecem ruir. Somente através de um povo mais maduro emocionalmente é que seremos capazes de lidar com os problemas de uma forma mais inteligente, de uma forma mais integral. E veja que o uso da expressão educação emocional é intencional, já que a inteligência espiritual tem nas emoções uma de suas asas. 
            Educação emocional exige ação, exercício, experimentação,  elaboração, transformação e por isso necessita de pessoas que ajudem nessa tarefa. 
 Este texto não tem por objetivo esgotar o assunto ou mesmo dar soluções simplistas. Mas a Educação Emocional é uma das nossas grandes bandeiras, uma missão importante da Ame Editorinha e não é por acaso. A seguir, uma matéria que saiu no jornal O Globo, onde podemos ver que as melhores soluções podem não ser tão óbvias...

Escola troca seguranças por professores de 


artes e melhora desempenho de alunos

Aclamado mundo afora, violoncelista Yo-Yo Ma visita Orchard Gardens e toca com alunos
Aclamado mundo afora, violoncelista Yo-Yo Ma visita Orchard Gardens e toca com alunos Foto: Patrick D. Rosso / Boston.com
O GLOBO

RIO - Cercado por crianças indisciplinadas e pelo aumento de violência dentro das salas de aula, o diretor de uma escola pública de ensino médio da cidade de Boston, nos Estados Unidos, tomou uma medida que, à primeira vista, pareceu loucura: ele demitiu todos os funcionários da segurança e, com o dinheiro, reinvestiu contratando professores de arte.
Em menos de três anos, o colégio Orchard Gardens, que figurava entre os cinco piores do estado Massachusetts, tornou-se uma das unidades onde houve maior salto de qualidade no aprendizado de alunos. O segredo?
- Não há um único jeito de se fazer uma tarefa. E a arte te ajuda a compreender isso. Se você levar isso a sério, o mesmo acontecerá na parte acadêmica e em outras áreas. Eles precisam mais do que um teste preparatório e mais do que simplesmente responder de um jeito uma questão – disse à rede de TV NBC o diretor Andrew Bott, o sexto a gerir a unidade em menos de sete anos.
Ao assumir a direção da Orchard Gardens em 2010, Bott chegou a ouvir de seus colegas que a escola era conhecida como a “matadora de carreiras” dentro da rede estadual de Massachusetts.
Construída em 2003 para ser uma referência no mundo das artes, a Orchard Gardens nunca alcançou esse objetivo. O estúdio de dança era usado como depósito, e instrumentos de orquestra estavam praticamente intactos. A violência chegou a tal ponto que alunos foram proibidos de levar mochilas. Tudo para se reduzir a incidência de armas em sala de aula. Cerca de 56% dos mais de 800 alunos da escola são descendentes de latinos, e outros 42% são considerados negros.
Mas com a substituição de seguranças por professores de arte, as paredes dos corredores viraram muros de exposição, os entulhos no estúdio deram espaço às aulas de dança e a orquestra voltou a tocar. De acordo com Bott, o contato com as artes deixou os alunos mais motivados e com maior espírito de empreendedorismo.
Um dos alunos, Keyvaughn Little, conseguiu ser aceito na disputada Academia de Artes de Boston, única escola pública do estado especializada em artes visuais e de performance.
- Todas as aulas extra-classe e a maior atenção que recebemos nos faz pensar ‘eu realmente posso ter um futuro nisso e não preciso ir para uma escola regular. Posso ir para uma escola de artes – afirmou Keyvaughn à NBC.


                   

Um comentário:

Pablo disse...

Muito Bom!! Vamos ver se as pessoas estão dispostas a mudar a sociedade,...vamos ver se os políticos vão perceber que investir em segurança e esquecer da educação ñ vai ajudar a sociedade. Espero que sim, e vou tentar compartilhar a página para que mais pessoas abram a mente pra realidade!