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Você tem flexibilidade mental? Na rota da empatia e da compaixão



             A imagem ilustra bem  um dos propósitos de discussão deste post: a nossa capacidade de transitar, de perceber o outro. Em uma sociedade materialista e competitiva, perceber o outro torna-se algo necessário quando nos parece que vamos ter algum benefício nisso. Não estou dizendo com isso que você seja assim, mas a verdade é que não somos estimulados a sair da nossa própria bolha de verdades, crenças, sentimentos e sensações.
                  Empatia é como viajar para um país estrangeiro e buscar aprender aquele idioma, a história daquele lugar, conversar com os locais, experimentar a comida, a música,saber de suas necessidades, etc. Nós fazemos isso com muitas pessoas, procuramos nos aproximar do seu ponto de vista. Para nós essas pessoas são como lugares que adoramos visitar.Países que nos parecem encantadores e bonitos de dizer aos outros que conhecemos. Ao mesmo tempo, assim como ocorre com os lugares, com outras pessoas temos os nossos (pré)conceitos... Vemos essas pessoas como lugares feios, fedidos, perigosos, pouco dignos, insignificantes ou até vergonhosos de dizer que iremos conhecer.  "Não vou porque já fui e não gostei", "Não degusto porque já experimentei e conheço o sabor", "não vou porque me disseram que não presta", etc. 
                  Você já parou para observar quantos conceitos e (pré) conceitos nós temos sobre as pessoas e suas culturas... gaúchos são assim, baianos são todos assado, paulistas são daquele jeito, americanos são todos iguais, muçulmanos são..., budistas são... e assim vamos com uma lista infindável de crenças que muitas vezes nos impedem de sair da nossa bolha, de conhecermos outros "lugares emocionais". Deixamos de ir para outros territórios, não por falta de oportunidade, mas porque acreditamos que não vale a pena sair da própria bolha. Afinal, minha bolha é a melhor, mais bonita e mais correta. 
          Flexibilidade mental é indispensável para o exercício empático. A flexibilidade mental é a capacidade de ir até o território do outro, ver o que ele vê, sente e pensa, para então voltar para o seu próprio lugar transformado, com renovados pontos de vista.
            Muitas vezes precisamos nos desprogramar, desbastar velhas crenças que foram sendo formatadas ao longo dos anos e quiça milênios.Nossas crenças podem estar envolvidas não apenas de aspectos limitantes, mas também agressivos.
                  Marshall Rosenberg, autor de diversos livros e programa em torno da "Comunicação Não Violenta" afirma que quando nos remetemos à violência logo imaginamos comportamentos como bater, xingar, agredir. E por isso, facilmente afirmamos que não somos violentos. Segundo ele, todos nós temos uma boa dose de violência para trabalhar internamente. A maledicência, a exclusão, o menosprezo velado,o julgamento, a rispidez na palavra, a rigidez mental em torno da análise do comportamento alheio são exemplos de agressividade. 
                    Quantas vezes você não formou uma ideia sobre uma pessoa, baseado no que disseram sobre ela ou sobre o que te contaram sobre sua história?
              Por essa razão, Marshall baseia seu programa em um exercício paulatino de empatia e compaixão. Sem empatia e compaixão, não é possível termos uma comunicação verdadeiramente pacífica, verdadeiramente compassiva. Marshall trabalha com princípios de honestidade emocional.
                Rigidez mental é uma barreira tanto para observar o outro, como a si mesmo. Rigidez mental é uma barreira muitas vezes, para que você mesmo mude e avance nas suas ideias e percepções. Nossas crenças devem nos ajudar na conexão com nossa natureza compassiva e não tornarem-se, apesar do discurso contrário, algo que nos afasta das outras pessoas. Rigidez é proteção e também agressividade.Flexibilidade mental, por sua vez, não é mudar de ideia toda hora, ser "maria vai com as outras" ou inconstante na forma de pensar e agir. Flexibilidade mental é permitir-se perceber o outro a partir do olhar do outro, com o objetivo de compreender o seu ponto de vista e suas necessidades. Flexibilidade mental é o componente cognitivo do processo empático.
                Uma célebre pesquisa na área da psicologia da educação, da década de 60, mais conhecida como "Profecia Realizadora" revela a gravidade de tratarmos os outros conforme nossos (pré)conceitos. Em síntese, a pesquisa foi feita para observar se os professores modulariam seu comportamento com os alunos, em função, da "ficha" que receberam de cada um deles. A pesquisa foi feita de forma que havia um grupo controle e um grupo onde as "fichas" foram manipuladas, ou seja, de maneira aleatória o professor recebeu informações sobre os alunos que não necessariamente condiziam com a realidade. O resultado da pesquisa foi surpreendente. Alunos com histórico escolar excelente (sem que o professor soubesse) com uma ficha depreciativa, pioraram o seu rendimento. Alunos com histórico escolar de baixo desempenho, com uma ficha positiva, melhoraram muito o seu rendimento.
      Será que nós tratamos as pessoas a partir da ficha que recebemos ou criamos? Como ser empático a partir de uma "ficha suja" que concebemos do outro? 
             Será que somos tratados por nossos mentores espirituais a partir da nossa "ficha suja"? Definitivamente não. 
             No post de hoje o exercício é voltado para os adultos.
             Primeiro procure avaliar de 0 a 10, o quanto você considera  a sua flexibilidade mental?
             Para ajudar algumas perguntas:
              - A primeira impressão sempre fica para você?
              - Que tipo de pessoa você não tem vontade de conhecer?
              - Quais os assuntos você não se considera flexível?
              - Que tipo de pessoa te incomoda?
        - Em quais aspectos suas palavras estão muito longe da prática?
              - Você observa os seus próprios sentimentos? O ciúme ou a inveja influenciam na forma como você percebe os outros?

               Depois de fazer a avaliação, o exercício a seguir, deve ser feito um dia de cada vez. Ou seja, faça o exercício ao longo de um dia e depois repita sempre que quiser.
                 Ao acordar, decida mentalmente que irá fazer o exercício da percepção mental.
                 Ao encontrar com a primeira pessoa, fora da sua casa, observe essa pessoa. Procure não estabelecer nenhum julgamento do que te agrada ou não nela. Apenas observe. Em seguida, observe como você se sente ao observar essa pessoa. Quais necessidades suas estão ligadas a esses sentimentos que você identificou? 
 Agora tente imaginar que você está no lugar dessa pessoa. O que muda nas suas percepções? Qual conclusão você chega?
               Faça isso inclusive, com pessoas que você tem dificuldade de relacionamento e, lembre-se o objetivo é  perceber e compreender as suas e as necessidades do outro.
                   Até a próxima!

                      
                  
                      
  
                        

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