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Gratidão: isso realmente funciona?

                                             texto do grupo de pesquisa - Greater Good Science -Por Jeremy Adam Smith | 19 de novembro de 2012 |
       Críticos dizem que a gratidão é indigna de estudo científico, e não deve ser promovida nas escolas. Nós discordamos!

     "É uma coisa boa ser grato", escreve Steven EF Brown no San Francisco Business Times. "Mas há alguma ciência da gratidão ? Bem, na Universidade da Califórnia, Berkeley, existe um  centro de estudos sobre a gratidão. Você está realmente surpreso? E se eu te disser que esse centro está gastando 3,1 milhões de dólares em um projeto para estudar isso? "

       Ele está falando sobre o nosso projeto de expansão da Ciência e Prática da Gratidão, e no artigo ele argumenta que isso é dinheiro desperdiçado.
     
 "Tire algum tempo em novembro, e a cada dois meses, para se lembrar de coisas que você está grato por", escreve ele. "Você vai ser um pouco mais feliz e aqueles à sua volta vão ser um pouco mais felizes, também, o mundo será um pouco mais agradável para se viver. Mas não precisa de US $ 3,1 milhões e um banco de dados para dizer isso."
      É realmente um bom argumento sobre o valor da gratidão, e estamos gratos a Brown por chamar a atenção para o nosso trabalho. Claro que nem tudo o que foi dito é positivo. Um blogueiro que pegou um pedaço do texto de Brown, acrescentou: "Não, isso não é uma piada. Essa é a forma como as escolas do governo estão gastando o seu dinheiro." (Para  registro: Não há um centavo do nosso financiamento que  venha do governo. A verba vem totalmente da John Templeton Foundation. Quase todo o nosso trabalho é financiado por doações privadas, de pessoas como você.)
     
É claro que diante disso, nós temos que argumentar contra a insinuação de que a gratidão é um tema indigno de recursos para estudos científicos. Com o nosso projeto de gratidão, estamos financiando 14 equipes de investigação para explorar questões como a forma de cultivar a gratidão  em  uma sociedade de consumo; como os pais socializam seus filhos para a gratidão; quais os mecanismos de sistemas neurais que dão suporte à gratidão;o impacto da gratidão em pessoas com doença cardíaca, e muitos mais. Estamos também financiando pesquisas de dissertação sobre gratidão. E este mês, nós lançamos o piloto de Thnx4.org, um diário de gratidão online que também servirá como uma ferramenta científica para a compreensão da gratidão. (nota do blog da editorinha: se você fala inglês, vale a pena considerar em se registrar no Thnx4.org gratuitamente. Esse site não é apenas uma plataforma para o seu diário da gratidão, mas também fornece propostas em torno da gratidão. De qualquer forma estaremos sempre divulgando exercícios e textos do Greater Good Science)

     O melhor argumento que tenho em mãos para o estudo científico de gratidão, na verdade, vem de outra pequena parte do nosso trabalho. Alguns resultados foram apresentados  no jornal de notícias,de São Francisco CBS filial.

   
 Como minha colega Dra. Emiliana Simon-Thomas diz na entrevista à CBS, os estudos mostram consistentemente que pessoas que mantêm um diário de gratidão são 25 por cento (25%) mais felizes do que aquelas que não o fazem. "As pessoas que fizeram o diário da gratidão  apresentaram aumentos na sensação de felicidade, redução do estresse, diminuição da vulnerabilidade a sintomas físicos, como dores de cabeça", diz ela. (nota do blog da editorinha: Para fazer o diário, você só precisa de um caderno privado ou o seu próprio computador. Ao final do dia, ou em um momento que você achar propício, escreva da forma como quiser em torno da frase: Eu me sinto grato por... De preferência coloque coisas, situações e pessoas que surgiram no seu dia.Faça a experiência por 15 dias e veja os resultados)

   A entrevista apresenta a história  de uma das voluntárias da pesquisa, Janine Kovac, falando sobre como gratidão a ajudou a atravessar o nascimento prematuro de seus filhos gêmeos.
    Os bebês nasceram 15 semanas antes do previsto através de uma intervenção de emergência e permaneceram na U.T.I, por três meses. Janine ingressou como voluntária da pesquisa sobre gratidão e aprendeu a resgatar diariamente as bençãos, os aspectos positivos e os motivos para se sentir grata naquele dia. Janine afirma que essa prática a ajudou a viver de maneira diferente a experiência traumática e isso se reflete positivamente na forma que se sente dois anos após o ocorrido.

     Sua história individual é poderosa, e ilustra os resultados das pesquisas sobre gratidão. Os benefícios são  muito relevantes. Mas as histórias como a de Janine são suficientes?
     A verdade é que precisamos de estudos científicos, a fim de entender como a gratidão ajudou Janine e como podemos difundir práticas de gratidão por toda a nossa sociedade, e particularmente, para as pessoas que sofrem por falta dela.
    Por exemplo, Brown diz que a geração de  estudantes de hoje "não parece muito grata". Aliás, a ingratidão dos jovens é um tema comum na atualidade. O fato é que isso pode ou não ser verdade sobre a Geração Y. Nós, por exemplo, não encontramos fortes evidências científicas para apoiar essa afirmação particular.
    Mesmo assim, há boas razões para acreditar que a nossa sociedade, em geral, se debate com a gratidão. 
   
"O falecido filósofo Robert Solomon observou como é relativamente raro os americanos falarem sobre a gratidão", escreve o psicólogo Davis Robert Emmons, um dos líderes da nossa iniciativa de gratidão.       "Apesar do fato da gratidão ser o alicerce da vida social em muitas outras culturas; nos  EUA, nós geralmente não nos damos muito tempo para pensar sobre isso, com uma notável exceção do dia de Ação de Graças."
    Contrariando essa tendência é precisamente por isso que lançamos o projeto gratidão. 
  Certamente, você concordaria que as tradições religiosas do mundo têm muito a nos ensinar sobre a prática da gratidão. Mas a tradição e a religião nos fornecem apenas orientações muito limitadas de como podemos incentivar a gratidão de maneira ecumênica, em configurações contemporâneas como as universidades, escolas ou hospitais.

       E se suas tradições culturais trabalham contra a gratidão? Como Emmons escreve, "a Gratidão pressupõe para muitos, julgamentos sobre estar em dívida com alguém e em estado de dependência. Nesse sentido, em algumas culturas como a americana, que incentiva a auto-suficiência, a independência, falar sobre gratidão pode ser um assunto que deixa as pessoas enojadas."  
       É por isso que evidências científicas sobre os benefícios da gratidão podem ser convincentes para aqueles que de outra forma poderiam duvidar de seu valor, incluindo pessoas como eu.
       Assim como Brown, cheguei à faculdade como um idiota ingrato, e eu tive que aprender da maneira mais difícil ser grato pelo que tenho e dizer "obrigado" a outras pessoas. Eu ajudei a construir o Thnx4.org, mas eu também sou um usuário que se beneficia enormemente da prática diária da gratidão.Na vida agitada que levamos,precisamos criar um espaço para apreciar as coisas boas que recebemos todos os dias.  
   
 Nossos objetivos gerais com o projeto de gratidão são expandir o banco de dados científicos de gratidão, particularmente em áreas como a saúde e bem-estar, promover práticas baseadas em evidências em escolas, locais de trabalho e instituições, e envolver o público em uma grande conversa sobre a papel da gratidão na sociedade civil. Queremos saber como a gratidão influencia as pessoas. Estamos conversando com os pesquisadores que pretendem usar os dados, para descobrir se expressar gratidão por membros excluídos de um grupo atenua o preconceito, ou se a gratidão afeta a taxa de burnout em instituições de saúde.

E então, hoje você é grato por...?

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